Ofício da memória, Prefácio de Nossa Senhora I ou II
Cor: Branco | 1º Semana do Saltério | Ano Ímpar (I)
Aclamação ao Evangelho
R. Aleluia, aleluia, aleluia.
V. Feliz a Virgem Maria, que sem passar pela morte,
do martírio ganha a palma,
ao pé da cruz do Senhor!
Evangelho
Mãe entre todas bendita, do Filho único aflita,
a imensa dor assistia (Stabat Mater).
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 19,25-27
Naquele tempo:
Perto da cruz de Jesus, estavam de pé
a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas,
e Maria Madalena.
Jesus, ao ver sua mãe
e, ao lado dela, o discípulo que ele amava,
disse à mãe:
"Mulher, este é o teu filho".
Depois disse ao discípulo:
"Esta é a tua mãe".
Daquela hora em diante,
o discípulo a acolheu consigo.
Palavra da Salvação.
Ou
Quanto a ti, uma espada de dor te traspassará a alma.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 2,33-35
Naquele tempo:
O pai e a mãe de Jesus estavam admirados
com o que diziam a respeito dele.
Simeão os abençoou
e disse a Maria, a mãe de Jesus:
"Este menino vai ser causa
tanto de queda como de reerguimento
para muitos em Israel.
Ele será um sinal de contradição.
Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações.
Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma".
Palavra da Salvação.
Ofício da memória, Prefácio de Nossa Senhora I ou II
Cor: Branco | 1º Semana do Saltério | Ano Ímpar (I)
Aprendeu o que significa a obediência a Deus
e tornou-se causa de salvação eterna.
Leitura da Carta aos Hebreus 5,7-9
Cristo, nos dias de sua vida terrestre,
dirigiu preces e súplicas,
com forte clamor e lágrimas,
àquele que era capaz de salvá-lo da morte.
E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus.
Mesmo sendo Filho,
aprendeu o que significa a obediência a Deus
por aquilo que ele sofreu.
Mas, na consumação de sua vida,
tornou-se causa de salvação eterna
para todos os que lhe obedecem.
Palavra do Senhor.
Salmo 30(31),2-3a.3bc-4.5-6.15-16.20
R. Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
Senhor, eu ponho em vós minha esperança;*
que eu não fique envergonhado eternamente!
Porque sois justo, defendei-me e libertai-me*
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me! R.
Sede uma rocha protetora para mim,*
um abrigo bem seguro que me salve!
Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;*
por vossa honra orientai-me e conduzi-me! R.
Retirai-me desta rede traiçoeira, *
porque sois o meu refúgio protetor!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, *
porque vós me salvareis, ó Deus fiel! R.
A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, *
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino; *
libertai-me do inimigo e do opressor! R.
Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, *
que reservastes para aqueles que vos temem!
Para aqueles que em vós se refugiam, *
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens. R.
Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo in dom. infra oct. Assumptionis, 14-15:
Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)
O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).
Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.
E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?
Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.
Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.