Memória Santos Roque González, Afonso Rodríguez e
João de Castillo, presbíteros e mártires
Cor: Vermelha | 1ª Semana do Saltério | Ano Ímpar (I)
Aclamação ao Evangelho Cf. Jo 15,16
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu vos escolhi, a fim de que deis;
no meio do mundo, um fruto que dure.
Evangelho
Porque tu não depositaste meu dinheiro no banco?
+Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 19,11-28
Naquele tempo,
Jesus acrescentou uma parábola,
porque estava perto de Jerusalém
e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo.
Então Jesus disse:
“Um homem nobre partiu para um país distante,
a fim de ser coroado rei e depois voltar.
Chamou então dez dos seus empregados,
entregou cem moedas de prata a cada um,
e disse:
‘Procurai negociar até que eu volte’.
Seus concidadãos, porém, o odiavam,
e enviaram uma embaixada atrás dele,
dizendo:
‘Nós não queremos que esse homem reine sobre nós’.
Mas o homem foi coroado rei e voltou.
Mandou chamar os empregados,
aos quais havia dado o dinheiro,
a fim de saber quanto cada um havia lucrado.
O primeiro chegou e disse:
‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’.
O homem disse:
‘Muito bem, servo bom.
Como foste fiel em coisas pequenas,
recebe o governo de dez cidades’.
O segundo chegou e disse:
‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’.
O homem disse também a este:
‘Recebe tu também o governo de cinco cidades’.
Chegou o outro empregado e disse:
‘Senhor, aqui estão as tuas cem moedas
que guardei num lenço,
pois eu tinha medo de ti,
porque és um homem severo.
Recebes o que não deste
e colhes o que não semeaste’.
O homem disse:
‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca.
Tu sabias que eu sou um homem severo,
que recebo o que não dei e colho o que não semeei.
Então, por que tu não depositaste
meu dinheiro no banco?
Ao chegar, eu o retiraria com juros’.
Depois disse aos que estavam aí presentes:
‘Tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’.
Os presentes disseram:
‘Senhor, esse já tem mil moedas!’
Ele respondeu:
‘Eu vos digo: a todo aquele que já possui,
será dado mais ainda;
mas àquele que nada tem,
será tirado até mesmo o que tem.
E quanto a esses inimigos,
que não queriam que eu reinasse sobre eles,
trazei-os aqui e matai-os na minha frente’”.
Jesus caminhava à frente dos discípulos,
subindo para Jerusalém.
Palavra da Salvação.
Memória Santos Roque González, Afonso Rodríguez e
João de Castillo, presbíteros e mártires
Cor: Vermelha | 1ª Semana do Saltério | Ano Ímpar (I)
O Criador do mundo vos dará de novo o espírito e a vida.
Leitura do Segundo Livro dos Macabeus 7,1.20-31
Naqueles dias,
aconteceu que foram presos
sete irmãos, com sua mãe,
aos quais o rei,
por meio de golpes de chicote e de nervos de boi,
quis obrigar a comer carne de porco,
que lhes era proibida.
Mas especialmente admirável
e digna de abençoada memória foi a mãe,
que, num só dia, viu morrer sete filhos,
e tudo suportou valorosamente por causa da esperança
que depositou no Senhor.
Cheia de nobres sentimentos,
ela exortava a cada um na língua de seus pais
e, revestindo de coragem varonil sua alma de mulher,
dizia-lhes:
“Não sei como aparecestes em minhas entranhas:
não fui eu quem vos deu o espírito e a vida
nem fui eu quem organizou
os elementos dos vossos corpos.
Por isso, o Criador do mundo,
que formou o homem na sua origem
e preside à geração de todas as coisas,
ele mesmo, na sua misericórdia,
vós dará de novo o espírito e a vida,
pois agora vos desprezais a vós mesmos,
por amor às suas leis”.
Antíoco julgou que ela o desprezasse
e suspeitou que o estivesse insultando.
Como o mais novo dos irmãos ainda estivesse vivo,
o rei tentava persuadi-lo.
E não só com palavras, mas também com juramento,
prometeu fazê-lo rico e feliz,
além de torná-lo seu amigo
e confiar-lhe altas funções,
contanto que abandonasse
as leis de seus antepassados
Vendo que o jovem não lhe prestava nenhuma atenção,
O rei chamou a mãe
e exortou-a a dar conselhos ao rapaz,
para que salvasse a sua vida,
Como ele insistisse com muitas palavras,
ela concordou em persuadir o filho
Inclinou-se então para ele
e, zombando do cruel tirano,
assim falou na língua de seus pais:
“Filho, tem compaixão de mim,
que te trouxe nove meses em meu seio
e por três anos te amamentei;
que te criei e eduquei até a idade que tens,
sempre cuidando do teu sustento.
Eu te peço, meu filho:
contempla o céu e a terra
e observa tudo o que neles existe.
Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez,
e que também o gênero humano surgiu da mesma forma.
Não tenhas medo desse carrasco.
Pelo contrário, sê digno de teus irmãos
e aceita a morte,
a fim de que eu torne a receber-te com eles
no tempo da misericórdia”.
Mal tinha ela acabado de falar,
o jovem declarou:
“Que esperais?
Não obedecerei às ordens do rei,
mas aos mandamentos da Lei
dada aos nossos pais por Moisés.
E tu, que inventaste
toda espécie de maldades contra os hebreus,
não escaparás às mãos de Deus”.
Palavra do Senhor.
Salmo 16(17),1.5-6.8b.15 (π. 15b)
R. Ao despertar me saciará vossa presença, ó Senhor!
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, *
escutai-me e atendei o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece, *
pois não existe falsidade nos meus lábios! R.
Os meus passos eu firmei na vossa estrada, *
e por isso os meus pés não vacilaram.
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, *
inclinai o vosso ouvido e escutai-me! R.
Protegei-me qual dos olhos a pupila *
e guardai-me, à proteção de vossas asas.
E verei, justificado, a vossa face *
e ao despertar me saciará vossa presença. R.
Das Cartas de São Roque González, presbítero
(Litt. Annuae P. Rochi González pro anno 1615 [s. d.] datae ad P. Provincialem Petrum Oñate.
Ed. [in lingua hispanica] in: Documentos para la Historia Argentina, vol. 20, Buenos Aires 1920, pp. 24-25) (Séc. XVII)
Voltando pouco depois para lá encontrei um local onde podia ficar: uma pequena choupana perto do rio; e, passado algum tempo, ofereceram-me uma palhoça maior. Dois meses mais tarde, o Padre Reitor enviou o Padre Diogo de Boroa. Este chegou finalmente na segunda-feira de Pentecostes. Com muita consolação considerávamos como o amor de Deus nos juntava naquelas terras tão longínquas. Dividimos entre nós o limitado espaço da nossa morada, com um tabique feito de canas. Ao lado tínhamos uma capela, pouco maior que o próprio altar em que celebrávamos a Missa. Por eficácia deste supremo e divino sacrifício, em que Cristo se ofereceu ao Pai na Cruz, começou ele a triunfar ali, pois os demônios que antes costumavam aparecer a estes índios não se atreveram a aparecer mais, como testemunhou algum deles. Resolvemos continuar na mesma palhoça, embora tudo nos faltasse. O frio era tanto que nos custava adormecer. O alimento também não era melhor: milho ou farinha de mandioca, que é a comida dos índios; e porque começamos a buscar pelos bosques umas ervas de que se alimentam os papagaios, com este apelido nos chamavam.
Prosseguindo as coisas deste modo, e temendo os demônios que, se a Companhia de Jesus entrasse nestas regiões, eles perderiam em breve o que por tanto tempo tinham possuído, começaram a espalhar por todo o Paraná que nós éramos espiões e falsos sacerdotes, e que trazíamos a morte em nossos livros e imagens. Divulgou-se isto a tal ponto que, estando o Padre Boroa a explicar aos índios os mistérios da nossa fé, eles temiam aproximar-se das sagradas imagens, com receio de algum contágio mortífero. Mas estas idéias foram-se desfazendo pouco a pouco, sobretudo quando viram com os próprios olhos que os nossos eram para eles como verdadeiros pais, dando-lhes de bom grado quanto tinham em casa e assistindo-os nos seus trabalhos e enfermidades, de dia e de noite, auxiliando-os não só em proveito das suas almas, o que é certamente mais importante, mas também dos seus corpos.
E assim, quando vimos consolidar-se o amor dos índios para conosco, pensamos em construir uma igreja, que, embora pequena e modesta e coberta com palha, apareceu a esta gente miserável como um palácio real, e ficam atônitos quando levantam os olhos para o teto. Ambos tivemos de trabalhar com barro para fazer o reboco e para ensinar os indígenas a fazer tijolos. Deste modo conseguimos ter a igreja pronta para o dia de Santo Inácio do ano passado de 1615. Neste dia celebramos lá a primeira missa e renovamos os nossos votos. Houve ainda outros ritos festivos, quanto era possível segundo a pobreza do lugar. Também quisemos organizar umas danças, mas estes rapazes são tão rudes que não conseguiram aprendê-las. Levantamos depois uma torre de madeira e pusemos nela um sino que a todos encheu de admiração, pois nunca tinham visto nem ouvido semelhante coisa. Também foi ocasião de grande devoção uma cruz que os próprios indígenas levantaram: tendo-lhes nós explicado por que razão os cristãos adoram a cruz, eles se ajoelharam conosco para adorá-la. Desconhecida até agora nestas terras, espero em nosso Senhor que esta cruz seja o princípio para se levantarem muitas outras.