RETIRO PDDM
INICIO DA QUARESMA
Com este retiro quaresmal entramos no dinamismo do ciclo pascal cujo ápice é a noite da páscoa. A quaresma, pela dúplice característica, batismal e penitencial, reúne catecúmenos e fiéis”, num tempo de “recolhimento espiritual” (RICA, 152) que conduz à celebração da vigília pascal, na qual os catecúmenos serão inseridos no mistério pascal pelos três sacramentos da iniciação e os fiéis irão renovar a profissão de fé batismal.
Recebemos os textos da nossa oração do Domingo das provações de Jesus, 1º da quaresma, Ano C
1. TEMPO DE ORAÇÃO PESSOAL
a) Leitura do Evangelho - Lucas 4,1-13
Tome um tempo, num lugar tranquilo, em atitude de escuta e oração. O primeiro passo é ler o texto com atenção a cada palavra. Há técnicas que ajudam: grifar o que parece importante; reescrever o texto palavra por palavra; memorizar o texto. O que importa é ler prestando atenção a cada palavra, aos verbos (ações), aos sentimentos das personagens envolvidas; identificar como está estruturado o texto, observar o contexto bíblico (o que vem antes e depois). É importante ler o texto mais de uma vez, até se apropriar do que ele está dizendo.
b) Contexto biblico:
A cena representa em forma dramática, num cenário despojado, a oposição entre o plano de Deus e os planos do mundo. Lucas estende a provação de Jesus por 40 dias, como Moisés e o povo de Deus no deserto. O povo vacila diante dos ídolos, Jesus vence o mal.
Três tentações, em três lugares diferentes:
- No deserto - Jesus não absolutiza a própria fome [1a tentação];
- No lugar alto - Jesus não cede ao desejo de grandeza e prefere permanecer no limitado do cotidiano [2a tentação];
- Em Jerusalém – Jesus não se impõe com sinais extraordinários para ser aceito, mas acolhe a mortalidade da condição humana. Jesus rejeita colocar Deus na condição do todo poderoso, espetacular, mas o acolhe no escuro e no silêncio.
Jesus aceita que a força da provação tome lugar no íntimo do seu coração. Somente quem vence o poder do diabo (divisor) dentro de si mesmo, pode expulsar o demônio nos outros seres humanos. A vitória de Cristo é interior e espiritual, por sua fidelidade à Palavra.
O diabo apela por duas vezes ao título proclamado no batismo “se és Filho de Deus”. Em Lucas, entre o batismo no Jordão e a provação no deserto, tem a genealogia, na sua forma ascendente, que remonta ao princípio da humanidade. Jesus é filho de Deus e filho da humanidade. E como ser humano é provado.
Terminada a prova, o divisor se afasta de Jesus até a última prova em Jerusalém: na cruz a “fragilidade de Deus” se manifestará na nudez do Filho, ele que é “a imagem do Deus invisível” [Cl 1,15]. E no rosto paradoxal de Deus se abre a esperança de salvação da criação e de cada pessoa. É a vitória definitiva contra as tentações.
c) Contexto litúrgico:
A liturgia nos oferece um novo contexto para a leitura deste Evangelho: o domingo, dia memorial da vitória de Jesus sobre a morte; e a quaresma, memória da subida de jesus a Jerusalém, para cumprir seu destino. As outras leituras, o salmo, as orações, estão em sintonia com o Evangelho, neste contexto dado pela liturgia.
- Leia a primeira leitura - Deuteronomio 26,4-10.
Este texto traz alguma luz para a compreensão do evangelho?
Leia também Romanos 10,8-13;
E a carta aos Romanos, que Luz projeta sobre o nosso texto?
Veja também a oração do dia:
Concedei, ó Deus onipotente, que ao longo desta quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao seu amor por uma vida santa.
- Como esta oração dialoga com o mistério deste domingo?
d) Oração:
Ficar em silêncio diante do mistério desde domingo. Repetir no coração o nome “Filho de Deus” ou outra prece que o Espírito suscitarr. Recitar pausadamente o salmo 91(90).
2. PARTILHA COMUNITÁRIA
- Quem coordena a roda de partilha, proponha Ler de novo, comunitariamente, o evangelho, a primeira e a segunda leitua.
- Convide as pessoas a partilharem o fruto da sua leitura.
- Depois da partilha proponha a leitura do texto de Santo Agostino:i
“A nossa vida, enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações. Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado. Porque foi a nós mesmos, que somos o seu corpo, que o Senhor quis prefigurar em seu próprio corpo, no qual já morreu, ressuscitou e subiu ao céu, para que os membros tenham a certeza de chegar também aonde a cabeça os precedeu”.
- Termine cantando o salmo 91.
Bom retiro a todas (os)!
Secretariado de Espiritualidade
Março de 2022