Retiro Mensal

SECRETARIADO PARA ESPIRITUALIDADE

 

RETIRO - FEVEREIRO DE 2025

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

 

Prepare o ambiente: Prepare o ambiente: mesa com toalha, bíblia, vela e cadeiras em círculo. Acende a vela. Canta-se um hino apropriado. Pessoas previamente preparadas leem as leituras dos textos da festa: primeiro o Evangelho, segue a 1ª leitura, o salmo, a 2ª leitura.

A Festa da Apresentação do Senhor já era celebrada no Oriente no séc. IV. A partir do ano 450, é designada, pelos nossos irmãos do Oriente, como Festa do Encontro: encontro de Deus com o seu povo, mas também encontro de Maria, José e Jesus com Simeão e Ana, os representantes do Israel fiel, que esperava a salvação de Deus. O encontro também é conosco: é o dia para encontrarmos Jesus, a luz que ilumina o mundo e as nossas vidas.

  • EVANGELHO – Lucas 2,22-40

São Lucas mostra como Jesus, poucos dias após o seu nascimento, entrou no Templo de Jerusalém para concretizar a promessa outrora feita por Deus através do profeta Malaquias. Recebido por Simeão e Ana, representantes do Israel fiel que esperava ansiosamente o Messias de Deus, Jesus é apresentado como “luz para as nações” e “glória de Israel”. Ele traz ao mundo a salvação de Deus.

Lucas acrescenta que Maria e José “estavam admirados” com o que Simeão lhes disse sobre o menino (vers. 33). Simeão não lhes explica como chegou às conclusões que acabou de formular. No entanto, dirige-se a Maria e proclama um segundo oráculo (vers. 34-35). Profetiza, antes de mais, que o menino será causa de divisões em Israel e que a proposta que Ele traz não será aceita pacificamente. Lucas irá mostrar mais à frente, ao contar a história de Jesus, a verdade destas palavras. Depois, Simeão avisa Maria que “uma espada trespassará a sua alma (vers. 35a). A expressão tanto pode referir-se ao sofrimento que atingirá Maria quando vir o seu filho condenado à morte e crucificado no calvário, como à divisão de Israel face à proposta de Jesus (Maria, como figura do Povo fiel, terá de optar por Jesus, afastando-se do Israel infiel que não quer acolher a proposta que Jesus traz).

  • PRIMEIRA LEITURA - Malaquias 3,1-4

O profeta Malaquias anuncia a proximidade do “Dia do Senhor”, o dia em que Deus vai entrar no seu Templo para purificar o seu povo, para lhe renovar o coração e para o capacitar para viver num dinamismo novo. Começará nesse dia um tempo novo, o tempo da nova Aliança entre Deus e os homens. A profecia de Malaquias concretiza-se plenamente quando Jesus entrou na nossa história e se apresentou no meio de nós. Ela fornece-nos uma chave de leitura para entendermos Jesus, o seu mistério, as suas palavras, os seus gestos, o seu projeto.

  • SALMO RESPONSORIAL - Salmo 23 (24): O Senhor do Universo é o Rei da glória.
  • SEGUNDA LEITURA - Hebreus 2,14-18

O autor apresenta o mistério de Cristo, o Filho de Deus, que é muito superior aos anjos e que o Pai enviou ao mundo para que apresentasse aos homens uma proposta de vida e de salvação. Nesta seção, o autor da carta reflete sobre o “querigma” tradicional cristão:  Deus glorificou o seu Filho Jesus, ressuscitando-O de entre os mortos, depois de Ele ter assumido a sorte dos homens e de se ter identificado com eles até ao extremo da morte na cruz. Mais especificamente, na perícope de Heb 2,10-18, o “catequista” procura explicar porque é que o plano do Pai previa que Jesus tivesse de passar pela cruz, aparecendo como um homem sofredor e aniquilado, despido das suas prerrogativas divinas. Na perspectiva do autor do texto, a morte de Cristo não foi um absurdo, um capricho, um acidente; mas foi algo que se insere e que se explica no contexto do plano salvador de Deus.

(https://www.dehonianos.org/portal/05o-domingo-do-tempo-comum-ano-b/)

Para meditar na oração:

- Dedique um tempo à oração com os textos da liturgia. Contemple os personagens, os gestos, os símbolos ... que aparecem nos textos da Festa de hoje. Abra o coração e a mente ao Espírito e deixe que Ele seja a LUZ, a RAZÃO da vida e das ações cotidianas.

- Partilha comunitária.

- Concluir com o canto do salmo Sl 23 (24) ou outra oração.


 

Lançamento do logo do Jubileu de 2025 - Filhas de São PauloNeste ano de 2025, com o XXVIX Dia Mundial da Vida Consagrada, estamos celebrando, com toda a Igreja, o Jubileu da Vida Religiosa Consagrada, nos seus próprios países.

«Peregrinos da esperança, no caminho da paz» é o tema do Jubileu da Vida Consagrada que será realizado em Roma nos dias 8 e 9 de outubro de 2025. Os consagrados e as consagradas querem refletir sobre a grande necessidade de paz, uma urgência do nosso tempo, para responder ao apelo do Papa Francisco de criar, através do caminho jubilar, um clima de esperança e confiança como sinal de renascimento do qual toda a humanidade sente necessidade.

O jubileu é um evento de grande significado espiritual, social e eclesial, um momento importante no qual o povo de Deus pede para experimentar o perdão e a misericórdia de Deus. Ao longo da história da Igreja, os jubileus marcaram a jornada da Igreja como momentos importantes. Homens e mulheres consagrados também são chamados a ser testemunhas e profetas da esperança e da paz, especialmente no vigente Jubileu.

«Queridos consagrados e consagradas, entremos agora juntos nesta peregrinação, levando a verdadeira esperança que está em nossos corações e pela qual nossas vidas estão a serviço», disse o Card. João Braz de Aviz, Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Com entusiasmo, alegria e determinação, seguem em direção ao Jubileu 2025, conscientes de sua vocação de ser sal, luz e fermento no meio do mundo, comprometidos com os valores da esperança e da paz, contribuindo para a construção de um mundo mais justo, solidário, fraterno e sustentável.

(Conf. Carta aos Consagrados: https://www.vitaconsacrata.va/content/dam/vitaconsacrata/giubileo-2025/IUBILAEUM-2025—PORT—Conferencias-Episcopais.pdf
 

Em anexo, a Homilia do Papa Francisco por ocasião do XXVIII Dia Mundial da Vida Consagrada, proferida na Santa Missa com os membros dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica: (2 de fevereiro de 2024)

Ao povo que esperava a salvação do Senhor, os profetas anunciavam a sua vinda, como afirma o profeta Malaquias: «Entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais, e o mensageiro da aliança, que vós desejais. Ei-lo que chega!» (3, 1). Simeão e Ana são imagem e figura desta expetativa. Veem entrar o Senhor no seu santuário e, iluminados pelo Espírito Santo, reconhecem-No no Menino que Maria traz ao colo. Esperaram por Ele durante toda a vida: Simeão, homem «justo e piedoso que esperava a consolação de Israel» (Lc 2, 25), e Ana, que «não se afastava do templo» (Lc 2, 37).

Faz-nos bem contemplar estes dois anciãos, pacientes na expetativa, vigilantes no espírito e perseverantes na oração. O seu coração manteve-se desperto, como uma tocha sempre acesa. São de idade avançada, mas têm a juventude do coração; não se deixam desgastar pelos dias, porque, na expetativa, os seus olhos permanecem voltados para Deus (cf. Sal 145, 15)... voltados para Deus em expetativa, sempre à espera. Ao longo do caminho da vida, sentiram dificuldades e desilusões, mas não cederam ao derrotismo: não «mandaram para a reforma» a esperança. E assim, ao contemplar o Menino, reconhecem que o tempo se completou, que a profecia se realizou; Aquele que procuravam e por Quem suspiravam, o Messias das nações, chegou. Mantendo viva a expetativa do Senhor, tornam-se capazes de O acolher na novidade da sua vinda.

Irmãos e irmãs, a expectativa de Deus é importante também para nós, para o nosso caminho de fé. Todos os dias, nos visita o Senhor: fala-nos, revela-Se-nos de maneira inesperada e há de vir no fim da vida e dos tempos. Por isso, Ele mesmo nos exorta a permanecer despertos, a vigiar, a perseverar na expetativa. De facto, a pior coisa que nos pode acontecer é deixar-nos cair no «sono do espírito»: adormecer o coração, anestesiar a alma, arquivar a esperança nos cantos obscuros das desilusões e resignações.

Penso em vós, irmãs e irmãos consagrados, e no dom que sois; penso em cada um de nós, cristãos de hoje… ainda somos capazes de viver a expetativa? Não ficaremos às vezes demasiado ocupados conosco próprios, com as coisas e os ritmos intensos de cada dia, a ponto de nos esquecermos de Deus que sempre vem? Porventura não estaremos demasiado enleados com as nossas obras de bem-fazer, arriscando-nos a reduzir a própria vida consagrada e cristã às «muitas coisas a fazer» e negligenciando a busca diária do Senhor? Não correremos por vezes o risco de programar a vida pessoal e a vida comunitária com base no cálculo das possibilidades de sucesso, em vez de cultivar com alegria e humildade a pequena semente que nos foi confiada, na paciência de quem semeia sem esperar recompensa e de quem sabe esperar pelos tempos e as surpresas de Deus? Às vezes – temos de o reconhecer – perdemos esta capacidade de esperar. Isto depende de vários obstáculos, dos quais me apraz destacar dois.

O primeiro obstáculo que nos faz perder a capacidade de esperar é a negligência da vida interior. Acontece quando o cansaço prevalece sobre o encanto, quando o hábito ocupa o lugar do entusiasmo, quando perdemos a perseverança no caminho espiritual, quando as experiências negativas, os conflitos ou a demora no aparecimento dos frutos nos transformam em pessoas amargas e amarguradas. Não nos faz bem ruminar a amargura, porque, numa família religiosa – como em qualquer comunidade e família –, as pessoas amarguradas e de «cara triste» tornam a atmosfera pesada; são pessoas que parecem ter vinagre no coração. Então é necessário recuperar a graça perdida: voltar atrás e, através duma vida interior intensa, regressar ao espírito de humildade jubilosa, de silenciosa gratidão. E isto alimenta-se com a adoração, com o trabalho rezado e feito de coração, com a oração concreta que luta e intercede, capaz de despertar o anélito de Deus, o amor de outrora, o encanto do primeiro dia, o gosto da expetativa.

O segundo obstáculo é a adaptação ao estilo do mundo, que acaba por ocupar o lugar do Evangelho. E o nosso é um mundo que frequentemente corre a grande velocidade, que exalta o «tudo e já», que se consome no ativismo e procura exorcizar os medos e as angústias da vida nos templos pagãos do consumismo ou da diversão a todo o custo. Em tal contexto, onde é banido e se perdeu o silêncio, esperar não é fácil, porque exige um comportamento de sadia passividade, a coragem de abrandar o passo, de não nos deixarmos dominar pelas atividades, de criar espaço dentro de nós para a ação de Deus, como ensina a mística cristã. Por conseguinte estejamos atentos para que o espírito mundano não entre nas nossas comunidades religiosas, na vida eclesial e no caminho de cada um de nós; caso contrário, não daremos fruto. A vida cristã e a missão apostólica precisam que a expetativa, amadurecida na oração e na fidelidade diária, nos liberte do mito da eficiência, da obsessão do lucro e, sobretudo, da pretensão de encerrar Deus nas nossas categorias, porque Ele vem sempre de modo imprevisível, vem sempre em tempos que não são os nossos e sob forma diferente da que esperávamos.

Como afirma a mística e filósofa francesa Simone Weil, somos a noiva que espera durante a noite a chegada do noivo, e «o papel da futura esposa é a expetativa (…). Desejar Deus e renunciar a tudo o mais: nisto apenas consiste a salvação» (S. Weil, Expetativa de Deus, Milão 1991, 152). Irmãs, irmãos, cultivemos na oração a expetativa do Senhor e aprendamos a «passividade boa do Espírito»: assim seremos capazes de nos abrir à novidade de Deus.

Como Simeão, tomemos nos braços, também nós, o Menino, o Deus da novidade e das surpresas. Acolhendo o Senhor, o passado abre-se ao futuro, o velho que sobrevive em nós abre-se ao novo que Ele gera. Sabemos que isto não é simples, porque, na vida religiosa – como aliás na de cada cristão –, é difícil opor-se à «força do velho»: «de facto, não é fácil para o velho que há em nós acolher a criança, o novo – acolher o novo, na nossa velhice, acolher o novo - (…). A novidade de Deus apresenta-se como uma criança e nós, com todos os nossos hábitos, medos, temores, invejas – atenção às invejas! –, preocupações, temos à nossa frente esta criança. Abraçá-la-emos, acolhê-la-emos, dar-lhe-emos espaço? Esta novidade entrará verdadeiramente na nossa vida ou, ao contrário, tentaremos compaginar velho e novo, procurando deixar-nos perturbar o menos possível pela presença da novidade de Deus?» (C. M. Martini, Algo de muito pessoal. Meditações sobre a Oração, Milão 2009, 32-33).

Irmãos e irmãs, estas perguntas são-nos dirigidas a nós, a cada um de nós, são dirigidas às nossas comunidades, são dirigidas à Igreja. Deixemo-nos interpelar, deixemo-nos mover pelo Espírito, como Simeão e Ana. Se vivermos, como eles, a expectativa salvaguardando a vida interior e permanecendo coerentes com o estilo do Evangelho, se vivermos, como eles, a expectativa, abraçaremos Jesus, que é luz e esperança da vida.

 

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