SECRETARIADO DA ESPIRITUALIDADE
RETIRO PDDM
INÍCIO DO ADVENTO, ANO A-30 DE NOVEMBRO DE 2025

1.Ambiente:
Antes de começar, prepare o ambiente: uma mesa com toalha, a bíblia aberta ou o lecionário, uma vela, cadeiras em círculo... Cuidem para que todas as pessoas tenham lugar para sentar. Alguém acende a vela.
2.Refrão Meditativo:
Por ele esperem seu dia vem,
Tenham coragem Jesus já vem.
3.Invocação ao Espírito Santo
No início do advento a cor roxa toma conta do nosso espaço orante, é sentida a ausência das flores,coroa simples, com quatro velas que serão progressivamente acesas, tomam lugar em nossa recito de oração. Um claro convite a deixar os excessos e a focar no essencial, despojar-se das ilusões e habitar o si mesmo. É deste lugar do nosso vazio interior que ecoa a voz do Verbo que habita o canto que entoamos, a oração que elevamos ao Pai, a Escritura que ouvimos, o silencio ao qual nos rendemos. O Verbo que se fez carne e habitou entre nós, está encarnado no corpo da Igreja em prece. O contexto litúrgico deste 1º domingo é a segunda vinda de Jesus no fim dos tempos, predispondo-nos a celebrar a sua primeira vinda em carne enquanto aguardamos a sua vinda gloriosa.
Naquele tempo Jesus disse: “37Como foi nos dias de Noé, assim será a vinda do Filho do homem. 38 Porque, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, 39 e nada sabiam, até que veio o dilúvio e os levou a todos; assim também será o vinda do Filho do homem. 40 Então dois homens estarão no campo: um será levado e o outro deixado. 41 Duas mulheres estarão trabalhando na mó: uma será levada e a outra deixada. 42 Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. 43Tente entender isto: se o senhor soubesse a que horas da noite o ladrão viria, ele ficaria acordado e não deixaria sua casa ser arrombada. 44Portanto, vocês também estejam preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que vocês não imaginam”.
Jesus começa comparando a sua geração com a de Noé, perturbada em seu cotidiano pelo dilúvio. A geração de Noé não é descrita por Jesus como má ou ímpia, mas simplesmente como inconsciente: "Eles não perceberam nada" (Mt 24,39). Pereceram por falta de discernimento. Noé, ao contrário, soube discernir e assim salvou a si mesmo e ao futuro: o discernimento de hoje é salvação para o amanhã.
Para Jesus, o que aconteceu nos dias de Noé é uma imagem do que acontecerá na vinda do Filho do Homem. A parábola dos dois homens e das duas mulheres em seus trabalhos cotidianos acena para a incerteza. Também o dono da casa não sabe a hora que o ladrão vai chegar. Diante da incerteza e da instabilidade do tempo, a palavra de ordem é ficar vigilantes.
Interessante neste sentido é o vocabulário cronológico que evoca a passagem dos dias: “nos dias”, “dias anteriores”, “até o dia”, “numa hora”. A primeira leitura [Isaias 2,1-5] fala dos últimos tempos e a segunda [Rm 13,11-14], lembra que é “hora de despertar”, que a “noite está adiantada” anunciando a “chegada do novo dia”. E chama a atenção para uma conduta de vida como em “pleno dia”.
Gustavo Jung, dizia que o ano litúrgico da Igreja é um sistema terapêutico, porque cada tempo acena para um aspecto vital da experiencia humana. A Liturgia deste domingo toca justamente no tempo. Marcelo Gleiser cientista e escritor brasileiro, diz que a percepção que temos do tempo como finito, começo e fim, é o que nos faz humanos. E que, ao mesmo tempo que esta percepção do tempo como finito, angústia; é a mola criativa da humanidade para transcender o tempo. Deixar um legado para além do corpo físico.
Do ponto de vista da fé, o advento sugere que nossas experiências humanas no crono do tempo que passa se entrelacem com o Kairós de Deus, que faz dos dias da nossa vida uma oportunidade única de transcender o finito. A vigilância tem a ver com uma consciência desperta. A consciência de estar vivo, neste planeta que nos abriga, O contrário disso é deixar-nos levar pelo correr contra o tempo, sem prestar a menor atenção, no fato de estarmos aqui, vivos, e nas relações que o tempo ele nos permite viver. Marcelo Gleiser insiste: “é importante cavar um tempo em nossa vida, para se dar tempo de poder se sentir vivo”. Isso também é muito diferente da apatia perante a vida sem conseguir vislumbrar nada no horizonte.
A liturgia do Advento é um grito no meio da noite anunciando a chegada do Amado, acenando para o imprescindível de manter nossos corações e mentes despertos, de estar presente no próprio agir, para discernir as suas pegadas.
Vigiar e orar significa essencialmente isto: considerar nosso tempo como a hora propícia para viver o amor, de dia e de noite, nos afazeres cotidianos. Isaías 2,1-6m, na primeira leitura propõe transformar armas em instrumento de trabalho. E Paulo na segunda [ Rm13,13] convida e ficar longe dos excessos de comida e bebida, a evitar brigas e rivalidades. Santo Agostinho se converteu ao ler este texto: "Nada de glutonarias e bebedeiras, nem orgias e imoralidades, nem de brigas e rivalidades, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. Agostinho afirma: “Não quis ler mais, nem precisava. De fato, assim que terminei de ler esta frase, uma luz, quase de certeza, penetrou em meu coração e toda a escuridão da dúvida se dissipou”. (Confissões VIII,12,29).
A vigilância leva ao discernimento e o discernimento resulta em ações benéficas que envolver conexão com o si mesmo, com as pessoas e com o universo. Voltando a Marcelo Gleiser Ele diz que no senso comum, inteligência é a capacidade de resolver problemas. Mas segundo ele, isso a gente pode delegar para os computadores. Para ele a inteligência humana [e de todas as formas de vida] é uma inteligência relacional: como eu me relaciono com o outro. Este outro pode ser uma pessoa, o ar que respiramos, as plantas, os animais. No seu livro “0 despertar do universo consciente”, que tem como subtítulo “um manifesto para o futuro da humanidade”, no final ele propõe um manual de ações concretas no nível individual de como se posicionar em relação ao planeta.
Sugestões práticas:
Abertura da vigília dos domingos:
Por ele esperem seu dia vem,
Tenham coragem Jesus já vem.
Senhor, nós te esperamos; Senhor, não tardes mais. RM CD 1, f 22
No Senhor sempre darei graças, Taizé
no Senhor me alegrarei. Venham todos, não tenham medo!
Muita alegria: o Senhor já vem! (bis)
Senhor, nós te esperamos: vem logo vem nos salvar.
Acendamos a lamparina [bis]
Sentinela a vigiar
Logo o Senhor virar [bis]
Cantora:
Eis que se avista o Senhor chegando
vem aclarando nossa escuridão, o Senhor da luz. [bis]
– Vem, ó Deus da vida, vem nos ajudar! (bis)
Vem, não demores mais, vem nos libertar! (bis)
Acendem-se as velas
– Para ti, Senhor, toda noite é dia: (bis)
A escuridão mais densa logo se alumia. (bis)
– Vem, ó Luz da vida, vem, Cristo Jesus; (bis)
Vem dissipar a noite, sol que nos conduz! (bis)
Oferta-se incenso ou ervas cheirosas
– Suba nosso incenso a ti, ó Senhor, (bis)
Das mãos de quem vigia, recebe o louvor! (bis)
– Nossas mãos orantes, para os céus subindo, (bis)
Cheguem como oferenda ao som deste hino. (bis)
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, (bis)
Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito! (bis)
– Em pé, vigilantes, juntos na oração, (bis)
Vamos ao seu encontro, lâmpadas nas mãos! (bis)
3. RECORDAÇÃO DA VIDA