SECRETARIADO DA ESPIRITUALIDADE
PDDM RETIRO DO MÊS DE SETEMBRO DE 2025
23º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO
O AMBIENTE esteja preparado com cadeiras em círculo para todas as pessoas que participam. No centro, uma mesa com toalha, bíblia ou lecionário e uma vela que alguém acende para começar.
REFRÃO: És o Caminho, Jesus, Verdade e Vida tu és. Vem, nossos passos conduz, sê a luz dos nossos pés.
INVOCAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO...
LEITURA DOS TEXTOS BÍBLICOS
Evangelho: Lc 14,25-33 Salmo: 89 (90)
1ª Leitura: Sb 9,13-18 2ª Leitura: Fm 9b-10.12-17
APROFUNDAMENTO DOS TEXTOS
Nas leituras que a liturgia deste Domingo (23º do TC), nos propõe, sobressai a temática do “caminho”: a nossa vida é um caminho, nem sempre linear, nem sempre fácil, que nos leva até à meta final da nossa existência, a vida verdadeira e eterna. O que devemos fazer e que precauções devemos tomar para não nos desviarmos? Quem nos conduzirá e nos apontará a direção certa?
Na primeira leitura, um “sábio” de Israel reflete sobre as limitações que são inerentes à nossa condição humana. Ele acredita que a única forma de chegarmos à vida verdadeira é acolher a “sabedoria” de Deus e deixarmo-nos guiar por ela. O “sábio” que partilha a sua reflexão só encontra uma resposta para estas questões decisivas: ninguém será capaz de encontrar o caminho para a vida verdadeira se Deus não lhe der a sabedoria e não lhe enviar o Espírito Santo. Portanto, o ser humano não é autossuficiente, necessita de Deus para encontrar o caminho que leva à vida verdadeira e deve deixar-se guiar pela sabedoria de Deus.
Segunda leitura. A mais breve e pessoal das cartas de Paulo é endereçada a Filemon, um homem de elevada posição social convertido por Paulo, aparentemente um membro destacado da comunidade cristã da cidade de Colossos, na Ásia Menor.
A partir da história de Onésimo, o escravo fugitivo, São Paulo nos lembra que o amor é o foco fundamental que ilumina o caminho que os discípulos de Jesus percorrem na história. Para Paulo, o amor deverá ser a suprema e insubstituível norma que dirige e condiciona comportamentos, atitudes e decisões dos crentes. O amor tem consequências bem práticas: leva a ver em cada pessoa um irmão, para além de sua raça, cor, ou lugar social. Esta carta é um texto muito belo; nele podemos ver, ao vivo e a cores, o coração de Paulo.
No Evangelho Jesus, traça as coordenadas do “caminho do discípulo”. Quem se dispõe a percorrer este caminho, deve manter os olhos fixos em Jesus e no Reino de Deus. Não pode deixar-se distrair, nem pelas pessoas, nem pela preocupação dos bens materiais, nem pelos seus projetos e interesses pessoais. Quem embarca na aventura do Reino de Deus tem de fazê-lo sem reticências, sem condições, com total empenho e compromisso.
Jesus faz isso contando duas parábolas: a de um homem que queria construir uma torre muito alta, e a de um rei que partiu para enfrentar outro rei que vinha fazer-lhe guerra com forças maiores.
O que Jesus critica nos dois heróis das parábolas é o fato de não terem tomado tempo para se sentar. Ora, Ele propõe estas duas parábolas no momento em que está atravessando a Galileia, rumo a Jerusalém e convida os seus discípulos a segui-lo sem condições, e mesmo a levar a sua cruz, ou seja, aceitar as provas que seguirão ao seu compromisso.
Jesus elenca três exigências fundamentais que devem ser tidas em conta por todos aqueles que se propõem seguir o “caminho do discípulo”. Todas elas implicam na renúncia a qualquer coisa, a fim de centrar a própria vida em Jesus e na sua proposta do Reino de Deus.
A primeira renúncia é à própria família (v. 26). O que é que Jesus quer dizer quando exige que os seus discípulos “odeiem” pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida? Há quem indica que o verbo “odiar” foi aqui utilizado para substituir a forma comparativa, que em hebraico não existe. Nesse caso, deveria traduzir-se como “amar menos”. O seguimento de Jesus implicaria deixar em segundo plano todas as relações familiares, inclusive as mais queridas. Num contexto onde as relações familiares nutriam laços muito fortes, deixar a família em segundo lugar já era, uma grande renúncia.
Segunda é a renúncia a si próprio (v. 27), a mais forte: “quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Trata-se de uma exigência que toca o âmago do nosso ser e que muda radicalmente o ângulo a partir do qual nós entendemos e construímos a nossa existência. “Carregar a cruz” é entregar a própria vida nas mãos de Deus, obedecer-lhe, é fazer da própria vida um dom de amor aos irmãos. A cruz sintetiza toda a vida de Jesus que foi um dom de amor. Viveu para cumprir o projeto do Pai, em favor especialmente dos últimos, os mais humildes e desprezados. Esse caminho levou-o à entrega até ao extremo. “Carregar a cruz” e seguir Jesus é não viver para si próprio, suas opções, os projetos pessoais, interesses, bem-estar e segurança; é seguir os passos de Jesus e fazer da própria vida um dom de amor a Deus e aos irmãos.
A terceira pede a renúncia aos bens materiais (v. 33). Jesus diz: “qualquer um de entre vós se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”. Ele tem razão: quando a obsessão dos bens materiais toma conta do coração da pessoa, esta torna-se escrava do “ter” e desliga-se de tudo. O amor, a partilha da fraternidade passam a ser palavras sem qualquer significado; os bens materiais tornam-se o valor supremo, pondo em segundo plano todos os outros valores; e a vida do homem passa a construir-se numa lógica que não é a lógica do Reino de Deus. A lógica do Reino de Deus é uma lógica de partilha, de dom, de fraternidade. Podemos nos perguntar: que lugar os bens materiais desempenham na nossa vida?
Talvez o mais impressionante neste texto seja a absoluta primazia que, na perspectiva de Jesus, o Reino deve assumir na vida dos discípulos. Ser discípulo de Jesus é ir atrás d’Ele no caminho do Reino, sem desculpas, sem transigências, sem acomodações fáceis. O Reino de Deus deve ser, para os discípulos de Jesus, a prioridade máxima, a pérola preciosa, o “tesouro escondido” pelo qual vale a pena deixar tudo. É possível que esta radicalidade nos faça hesitar. Nós não estamos habituados a tal exigência. Gostamos de caminhos que não exijam muito de nós, de propostas que não ponham em causa o nosso bem-estar, de direções que não nos obriguem a passar pela cruz. Estamos, apesar de tudo, decididos a apostar em Jesus e na sua proposta?
No caminho, grandes multidões à procura de Jesus, com interesses muito variados! Era ontem! E nós, hoje, como o seguimos? “Jesus voltou-se”, indicando claramente os desafios. Tornar-se seu discípulo é uma questão de preferência absoluta, num caminho que passa pela cruz. Partilha comunitária do fruto da oração. Cantar ou rezar o salmo 89 (90). Pai nosso, oração final.