Cor: Branco | 2ª Semana da Páscoa
Aclamação ao Evangelho Cf. Jo 14,18
R.Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V.Eu não vos deixarei órfãos:
eu irei, mas voltarei,
e o vosso coração muito há de se alegrar.
Evangelho
Vós ficareis tristes,
mas a vossa tristeza se transformará em alegria.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 16,16-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
“Pouco tempo ainda, e já não me vereis.
E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”.
Alguns dos seus discípulos disseram então entre si:
“O que significa o que ele nos está dizendo:
‘Pouco tempo, e não me vereis,
e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’,
e: ‘Eu vou para junto do Pai?’”
Diziam, pois:
“O que significa este pouco tempo?
Não entendemos o que ele quer dizer”.
Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo;
então disse-lhes:
“Estais discutindo entre vós
porque eu disse:
‘Pouco tempo e já não me vereis,
e outra vez pouco tempo e me vereis?’
Em verdade, em verdade vos digo:
Vós chorareis e vos lamentareis,
mas o mundo se alegrará.
Vós ficareis tristes,
mas a vossa tristeza se transformará em alegria”.
Palavra da Salvação.
Cor: Branco | 2ª Semana da Páscoa
Paulo passou a morar com eles;
trabalhava e discutia na sinagoga.
Leitura dos Atos dos Apóstolos 18,1-8
Naqueles dias,
Paulo deixou Atenas e foi para Corinto.
Aí encontrou um judeu chamado Áquila,
natural do Ponto, que acabava de chegar da Itália,
e sua esposa Priscila,
pois o imperador Cláudio tinha decretado
que todos os judeus saíssem de Roma.
Paulo entrou em contato com eles.
E, como tinham a mesma profissão
– eram fabricantes de tendas –
Paulo passou a morar com eles e trabalhavam juntos.
Todos os sábados, Paulo discutia na sinagoga,
procurando convencer judeus e gregos.
Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia,
Paulo dedicou-se inteiramente à Palavra,
testemunhando diante dos judeus
que Jesus era o Messias.
Mas, por causa da resistência e blasfêmias deles,
Paulo sacudiu as vestes e disse:
“Vós sois responsáveis pelo que acontecer.
Eu não tenho culpa;
de agora em diante, vou dirigir-me aos pagãos”.
Então, saindo dali,
Paulo foi para a casa de um pagão,
um certo Tício Justo, adorador do Deus único,
que morava ao lado da sinagoga.
Crispo, o chefe da sinagoga,
acreditou no Senhor com toda a sua família;
e muitos coríntios, que escutavam Paulo,
acreditavam e recebiam o batismo.
Palavra do Senhor.
Salmo 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (π. cf. 2b)
R. O Senhor fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, *
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo *
alcançaram-lhe a vitória. R.
O Senhor fez conhecer a salvação, *
e às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel *
pela casa de Israel. R.
Os confins do universo contemplaram *
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, *
alegrai-vos e exultai! R.
Dos Tratados sobre o Evangelho de João, de Santo Agostinho, bispo
(Tract. 124, 5.7: CCL 36, 685-687) (Séc. V)
As duas vidas
A Igreja conhece duas vidas, que lhe foram anunciadas por Deus; uma é vivida na fé; a outra, na visão. Uma, no tempo da caminhada; outra, na mansão eterna. Uma, no trabalho; outra, no descanso. Uma no exílio; outra, na pátria. Uma, no esforço da atividade; outra, no prêmio da contemplação.
A primeira é representada pelo apóstolo Pedro; a segunda, pelo apóstolo João. A primeira desenvolve-se completamente sobre a terra até que o mundo acabe, e então encontrará o fim; a outra prolonga-se para além do fim dos tempos, e nunca acabará no mundo que há de vir. Por isso foi dito a Pedro: Segue-me (Jo 21,19); mas a João diz-se: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, o que te importa isso? Tu, segue-me! (Jo 21,22).
“Segue-me tu, imitando minha paciência em suportar os males temporais. E ele permaneça até que eu venha, para conceder os bens eternos”. Ou ainda mais claramente: “Siga-me a atividade que, a exemplo de minha paixão, já terminou. Mas a contemplação, que apenas começou, permaneça assim até que eu venha para levá-la à perfeição”.
Portanto, quem segue a Cristo, acompanha-o na santa plenitude da paciência, até à morte. Permanece até a vinda de Cristo, para lhe manifestar a plenitude da ciência. Agora suportam-se os males deste mundo, na terra dos mortais. Depois, contemplaremos os bens do Senhor, na terra dos vivos.
As palavras de Cristo: Quero que ele permaneça até que eu venha, não devem ser interpretadas como se quisesse dizer: “permanece até o fim” ou “fica assim para sempre”, mas “permanece na esperança”; pois o que João representa não atinge agora a sua plenitude, mas apenas quando Cristo vier. Pelo contrário, o que Pedro representa, a quem o Senhor disse: Segue-me, deve cumprir-se agora, para podermos alcançar o que esperamos.
Contudo, ninguém ouse separar estes dois insignes apóstolos. Ambos se encontravam na situação representada por Pedro e ambos haviam de se encontrar na situação representada por João. No plano do símbolo, Pedro seguiu e João ficava; mas no plano da fé, ambos suportavam os males da vida presente, ambos esperavam os bens da felicidade futura.
O que sucedeu com eles, sucede com toda a santa Igreja, esposa de Cristo: também ela lutará no meio das tentações do mundo para alcançar a felicidade futura. Pedro e João representavam as duas vidas, cada um simbolizando uma delas; mas ambos viveram esta vida temporal, animados pela fé, e agora já se alegram eternamente na outra vida, pela contemplação.
Pedro, o primeiro apóstolo, recebeu as chaves do reino dos céus, com o poder de ligar e desligar os pecados, para que fosse timoneiro de todos os santos, unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, em meio às tempestades desta vida. E João, o evangelista, reclinou a cabeça sobre o peito de Cristo, para exemplo dos mesmos santos, a fim de lhes indicar o porto seguro daquela vida divinamente tranquila e feliz.
Todavia, não é somente Pedro, mas a Igreja universal, que liga e desliga os pecados. E não é só João que bebe da fonte do coração do Senhor, para ensinar com sua pregação que, no princípio, a Palavra era Deus junto de Deus, e outros ensinamentos profundos a respeito da divindade de Cristo, da Trindade e da Unidade de Deus. No reino dos céus, estas verdades serão por nós contempladas face a face, mas na terra nos limitamos a vê-las como num espelho e obscuramente, até que o Senhor venha. Não foi só ele que descobriu estes tesouros do coração de Cristo, mas a todos foi aberta pelo mesmo Senhor a fonte do evangelho, a fim de que por toda a face da terra todos bebessem dele, cada um segundo sua capacidade.