LEITURA ORANTE
1) Exercício de leitura orante com o evangelho do dia.
2) Escolha um lugar, espaço onde você possa está só pra o encontro com Palavra, e consigo mesmo, determine um horário, e quanto tempo você poderá dispor para o exercício. Seja fiel ao que se propôs.
3) Sente-se, encontre uma posição confortável. Respire conscientemente, se acalme de qualquer agitação e ponha-se diante de Deus, em atitude de oração. Invoque o Espírito Santo com uma oração que lhe seja familiar, ou entoe um refrão de invocação ao Espírito.
4) Abra a Bíblia, localize o Evangelho do dia que você irá ler/rezar. (Ler na própria bíblia é importante, para ter presente o contexto no qual o texto está inserido).
5) Releia o texto com calma, prestando atenção a cada palavra. Preste atenção nas imagens, nas personagens; sublinhe palavras ou frases que lhe chamam a atenção, ou os verbos; voc~e pode também transcrever o texto. Se, ao longo da leitura, se distrair, volte ao começo (Ler é tão determinante que deu nome ao método: lectio).
6) Da leitura atenta nasce o silêncio do coração.
- Deixe ressoar a palavra que calou mais forte durante a leitura.
- Tome conscia do movimento interno que a palavra suscitou em você, preste atenção aos seus pensamentos, sentimentos, iluminação, inspiração, apelo....
- Louve, agradeça, peça perdão, converse com Jesus, entregue-se com confiança ao Pai.
- Contemple a presença de Deus iluminando, trazendo paz, apontando sentido para algum sofrimento...
7) Se possível crie um circulo de leitura da liturgia dominical, partilhe o fruto da leitura pessoal. [Gregório Magno (570-604), lembra que a Escritura cresce com quem a lê, pois cada pessoa descobre a Palavra a partir da sua própria experiência].
Texto de apoio
A origem e os passos do método
- Desde cedo as comunidades associaram leitura bíblica e oração; chamaram este jeito de ler a Bíblia de lectio divina.
- Origines (184-254), preocupado com a leitura bíblica como caminho de conversão, aponta os elementos do método: leitura, meditação e oração. Ele dizia: “O que não se consegue com o próprio esforço deve ser pedido na oração”.
- Com a liturgia em latim o povo se distanciou da Palavra. A Bíblia virou objeto de estudo e especulação, não mais orientado para o encontro com Deus. No século XII, Guigo, um monge Cartuxo, sistematizou o método em quatro passos: leitura, meditação, oração, contemplação. Mas o povo, sem a bíblia em suas mãos, continuou sem acesso à leitura bíblica.
- Só a partir do Concílio Vaticano II a bíblia foi colocada de novo na mão do povo. A Dei Verbum refere-se ao método quando recomenda “intimidade com a Palavra mediante leitura assídua e estudo aturado” (n. 25).
A leitura orante é um método litúrgico.
- Está presente na estrutura da liturgia da Palavra: a leituras sem comentários que antecipem o seu sentido; acompanhadas de escuta e oração; intercaladas com momentos de silêncio, com salmos e aclamações; Interpretadas na homilia (meditação), seguida de preces.
- No Ofício Divino: "...quem salmodia sabiamente, percorre com a meditação verso por verso, sempre preparado em seu coração para responder, como requer o Espírito que inspirou o salmista e moverá também os devotos preparados para receber a sua graça”(Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas, n. 104). É previsto depois de cada salmos silêncio, repetição, oração sálmica (IGLH 112).
Antes e depois da celebração: Com muito proveito estamos aplicando o método da leitura orante aos textos bíblicos e litúrgicos (leituras, salmos, prefácios, orações, hinos e outros cantos...) das missas, celebração dominical da palavra de Deus, ofício divino, batismo, matrimônio... tanto na preparação (pessoalmente e na reunião da equipe), como depois da celebração como mistagogia. A leitura orante é um meio poderoso para ganharmos profundidade espiritual nas celebrações litúrgicas
João Crisóstomo (s. IV) inúmeras vezes em seus sermões, insiste sobre a importância de reter a Palavra de Deus ouvida na igreja e de preparar-se para escutar. Eis o que ele diz em uma de suas homilias:
Eis que vos peço: tome cada um de vós, num dia da semana ou num domingo, a parte do Evangelho que vos será lida no sermão, para lê-la e retê-la previamente; que seja feito em casa um estudo atento e refletido, notando o que há de claro e de obscuro, ou que parece contraditório sem realmente ser. Só depois de tal prepararão, diligente e completa, deveis vir para ouvir a palavra santa. Para vós como para mim, seria esse trabalho de grande utilidade: quanto a mim, estando vossa inteligência já familiarizada com as expressões, não teria tanto trabalho em vos fazer compreender o sentido de cada texto; quanto a vós seríeis mais clarividentes e perspicazes não somente para melhor ouvir e aprender, mas ainda ensinar aos outros o que tiverdes aprendido.
(Hom 11- PG 59,77, citado por P. Dufresne, Liturgia da Igreja doméstica, Ed. Paulinas, p. 73).