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DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXAO DO SENHOR


Ainda no tempo da quaresma, no 6° domingo, com o qual se inicia a semana santa, celebramos o chamado “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor” .

Embora as três leituras da missa deste dia falam da Paixão do Senhor, este domingo é também chamado de Ramos. São lidos dois textos dos evangelhos: o relato da entrada de Jesus em Jerusalém (procissão) e o relato da paixão (liturgia da Palavra). Nos dois momentos são lidos os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), conforme o ciclo anual. 

O domingo de Ramos e da Paixão do Senhor tem sua origem em um costume popular do século V, quando em Jerusalém, na tarde do domingo fazia-se a procissão solene para comemorar a entrada de Jesus na cidade. Em Roma celebrava-se o domingo da Paixão. A celebração atual é a junção dos dois costumes.

A celebração inicia-se com uma exortação que já exprime o seu sentido: Meus irmãos e minhas irmãs, durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida”.

Neste dia, a Igreja faz memória da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, para aí realizar o seu mistério pascal, ou seja, une-se num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da paixão. É importante que na celebração e na catequese deste dia sejam postos em evidência estes dois aspectos do mistério pascal.

Para a bênção e a procissão com os ramos, o Missal Romano apresenta três formas: a solene, com a procissão fora da Igreja; a entrada solene no interior da Igreja; e a entrada simples.

Os fiéis longe de fazer uma ‘piedosa’ recordação ou de fazer ‘mimica’ de um fato passado, tornam presente, “hoje”, o acontecimento, através da celebração litúrgica, e buscam vive-lo na fé.

A bênção dos ramos termina na procissão e esta é expressão sacramental de um povo que compartilha o caminho de Cristo em direção ao Calvário, aceitando a redenção através da lógica da cruz. 

A bênção e a procissão com os ramos predispõem a comunidade de fé à proclamação da paixão de Jesus na liturgia da palavra e à sua atuação sacramental na liturgia eucarística. 

Enfim, as orações, os cantos, os gestos e todas as ações rituais, levam os fiéis a experimentarem ‘hoje’ o Cristo Servo sofredor, que se oferece livremente à sua paixão para entrar na glória do Pai. É o mistério de Cristo, - do Senhor que vence a morte, ou seja, o mistério da vida que vence a morte.
    
Alguns lembretes para bem celebrar:
•  A cor usada é o vermelho.
•  Prever vasilha com água para a aspersão dos ramos.
•  Os cantos e as músicas devem conduzir-nos ao coração do mistério celebrado.

•  Providenciar ramos, antecipadamente, para todos.
•  Valorizar a cruz que vem à frente da procissão, podendo ser colocado um ramo em sua haste.
•  “A procissão seja uma só e feita sempre antes da missa com maior concurso de povo, também nas horas vespertinas, tanto do sábado como do domingo. Para realizá-la os fiéis reúnem-se numa igreja menor ou noutro lugar adaptado, fora da igreja para a qual a procissão se dirige. Os fiéis participam nesta procissão levando ramos de oliveira ou de outras árvores.

O sacerdote e os ministros precedem o povo, levando também eles os ramos. 
A bênção das palmeiras ou dos ramos é feita para os levar em procissão.
Conservados em casa, os ramos recordam aos fiéis a vitória de Cristo celebrada com a mesma procissão.
Os pastores esforcem-se por que esta procissão, em honra de Cristo Rei, seja preparada e celebrada de modo frutuoso para a vida espiritual dos fiéis. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 29).
•    “O Missal Romano, para celebrar a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, além da procissão solene supramencionada, apresenta outras duas formas, não para conceder comodidade e facilidade, mas tendo em consideração dificuldades que possam impedir a procissão.
A segunda forma de comemoração é a entrada solene, quando não se pode fazer a procissão fora da igreja. A terceira forma é a entrada simples, que se faz em todas as missas do domingo, no qual se realiza a entrada solene. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 30).
•    “Quando não se pode celebrar a missa, convém realizar uma celebração da Palavra de Deus para a entrada messiânica e a paixão do Senhor, nas horas vespertinas do sábado ou na hora mais oportuna do domingo”. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 31).
•    “Na procissão são executados os cânticos propostos pelo Missal Romano, com os Salmos 23 e 46, e outros cânticos apropriados em honra de Cristo Rei”. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 32).
•    Preparar com antecedência e proclamar bem as leituras. Cantar com unção o salmo.
•    “A história da Paixão reveste particular solenidade. É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo [...] Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem”. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 33).
•    “Concluída a história da paixão, não se omita a homilia. (Paschalis Sollemnitatis – A preparação e celebração das festas pascais, n. 34).

  • Texto: Ir.Veronice Fernandes

Livros consultados:
BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja, p. 275-276.
BOROBIO, D. A celebração na Igreja, vol. III, p. 158-159.
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollemnitatis, A preparação e celebração das festas pascais, n. 28-34.

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[1] Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 30.